

Guerrilheiros confinam cerca de 50.000 pessoas na Amazônia colombiana
Cerca de 50 mil pessoas estão confinadas no departamento colombiano de Guaviare, o que equivale a mais da metade da população local, por ordem de guerrilheiros que exercem sua autoridade nesta região amazônica, informaram as autoridades nesta terça-feira (17).
Desde a segunda-feira, membros da maior dissidência da extinta guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) decretaram uma "greve armada" nessa região, uma medida que proíbe a circulação terrestre e fluvial dos civis, em meio a confrontos com um grupo inimigo.
As restrições afetam pelo menos 50.000 dos 97.000 habitantes de Guaviare, disse à AFP Willy Rodríguez, prefeito de San José del Guaviare, a capital departamental.
"As pessoas não podem ir e vir (de suas casas), nem se abastecer de alimentos" e isso "gera ansiedade e medo".
A dissidência "enfrenta o governo dizendo que tem o poder e o controle sobre o território", acrescentou Rodríguez.
Após decidir não aderir ao acordo de paz de 2016, os guerrilheiros do chamado Estado Maior Central (EMC), liderado por 'Iván Mordisco', disputam o território amazônico com outra dissidência liderada por 'Calarcá'.
O confinamento coincide com um pico de violência que afeta a Colômbia nas últimas semanas. Na terça-feira passada, o EMC realizou 24 ataques simultâneos que mataram dois policiais e cinco civis no sudoeste do país.
Em 7 de junho, o senador e candidato da oposição de direita à Presidência Miguel Uribe foi baleado em um parque de Bogotá. Ele permanece em estado crítico. O presidente esquerdista Gustavo Petro suspeita que o EMC tenha sido o autor intelectual do ataque.
'Mordisco' é o criminoso mais procurado do país e Petro o compara a Pablo Escobar. Segundo as autoridades, ele está foragido na Amazônia após ter sido ferido em uma operação da força pública.
Em abril de 2024, 'Mordisco' abandonou um processo de paz com o governo.
A menos de um ano e meio de deixar o poder, Petro está longe do seu objetivo de negociar a paz com os grupos armados, que intensificaram a violência desde o início do ano.
C.Langlois--PP