Petit Parisien - Zelensky insiste em se reunir com Putin diante de estancamento de conversas de paz

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Zelensky insiste em se reunir com Putin diante de estancamento de conversas de paz
Zelensky insiste em se reunir com Putin diante de estancamento de conversas de paz / foto: Sergei SUPINSKY - AFP

Zelensky insiste em se reunir com Putin diante de estancamento de conversas de paz

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse neste domingo que um encontro com o líder russo, Vladimir Putin, seria "a forma mais eficaz de avançar", diante do estancamento dos esforços diplomáticos pelo fim da guerra.

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Zelensky fez essa afirmação durante as celebrações do 34º aniversário da independência de seu país, um dia marcado também por uma série de ataques de drones ucranianos contra a Rússia.

O presidente da Ucrânia insistiu em que "o formato das conversas entre líderes é a forma mais eficaz de avançar", e renovou seu pedido para se reunir com Putin.

Horas antes, em entrevista ao canal público Rossia, o chanceler russo, Sergei Lavrov, criticou o líder ucraniano por "teimar, impor condições e exigir um encontro imediato, seja como for", com Putin. Também acusou as potências ocidentais de buscar "um pretexto para impedir as negociações, lançadas pelos presidentes" russo e americano.

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, negou que Moscou esteja impedindo um acordo de paz com a Ucrânia, e disse que a Rússia fez "concessões significativas" ao presidente americano, Donald Trump, sobre suas exigências para encerrar a guerra.

Em Kiev, as comemorações da independência foram marcadas pela participação do enviado americano para a Ucrânia, Keith Kellogg, e do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. "Juntos, nós, ucranianos, e nossos parceiros nos esforçamos para empurrar a Rússia para a paz", disse Zelensky.

Iniciada há três anos e meio, a guerra, que já deixou dezenas de milhares de mortos, encontra-se em ponto-morto, embora a Rússia tenha conseguido avanços recentes na frente oriental.

- Localidades recuperadas -

O comandante-chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Sirski, afirmou hoje que suas tropas recuperaram o controle de três aldeias em Donetsk, ocupada por forças russas. A Ucrânia também fez hoje novos ataques com drones ao território russo.

Autoridades russas afirmaram ter derrubado drones ucranianos longe da linha de frente, incluindo a cidade de São Petersburgo. Os serviços de segurança ucranianos e as forças especiais do país reivindicaram a autoria desse ataque, que atingiu o complexo do "maior produtor de gás liquefeito da Rússia", afirmaram.

O Exército ucraniano, menor e com menos armamentos do que a Rússia, depende em grande parte de drones para responder à invasão, e se concentra principalmente na infraestrutura petrolífera, uma fonte importante de receita de Moscou para financiar a guerra.

Kiev relatou que a Rússia atacou na madrugada de hoje com um míssil balístico e 72 drones Shahed, de fabricação iraniana, dos quais a força aérea derrubou 48. Um aparelho matou uma mulher de 47 anos na região de Dnipropetrovsk, segundo o governador local.

Para apoiar a defesa aérea da Ucrânia, a Noruega anunciou hoje um financiamento de cerca de R$ 3,8 bilhões para fornecer ao país dois sistemas antimísseis americanos Patriot, em colaboração com a Alemanha.

- 'Sangue e suor' -

Para Dobrii, um médico ucraniano na frente oriental, a celebração da independência teve "gosto de sangue e suor". "Sou um patriota de coração, mas, quando o Dia da Independência se torna um dia de combate, o sentimento é um pouco diferente", disse à AFP.

Rússia e Ucrânia trocaram hoje 146 prisioneiros de guerra, segundo o Ministério da Defesa russo, em uma das poucas áreas de cooperação entre os dois países desde o começo da ofensiva de Moscou, que controla cerca de um quinto da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, que anexou em 2014.

I.Chauvin--PP