

Jovem que matou presidenciável na Colômbia é condenado a 7 anos de reclusão
O adolescente de 15 anos que atirou contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe, falecido em meados de agosto, foi sentenciado nesta quarta-feira (27) a sete anos de internação em um centro de reclusão para menores, informou o Ministério Público (MP).
Uribe, do partido opositor Centro Democrático, morreu em decorrência de ferimentos na cabeça após um brutal ataque a tiros durante um ato político em Bogotá, em junho, que reviveu os fantasmas dos piores anos da violência política na Colômbia. Cinco candidatos à presidência foram assassinados na segunda metade do século XX.
O jovem "deverá permanecer sete anos privado de liberdade em um centro de atenção especializada", disse o MP em comunicado.
Ele não será transferido para uma prisão de adultos quando completar 18 anos, precisou uma porta-voz do órgão acusador à AFP.
Um tribunal penal especial para menores julgou o adolescente por tentativa de homicídio e porte ilegal de armas. O menor aceitou as acusações no início de agosto.
Sete dias depois, Uribe faleceu no hospital.
A lei colombiana não permite modificar as acusações contra um menor uma vez aceitas, motivo pelo qual ele foi sentenciado por tentativa de assassinato e não por homicídio.
"Com base na Lei da Infância e Adolescência foi imposta uma das sanções mais altas ao menor", escreveu na rede social X o advogado da família, Víctor Mosquera.
"Respeitamos a decisão, mas essa sanção nunca se equipara à vida que ele tirou nem à dor causada. Essa lei incentiva que o crime use menores sem punição real e efetiva", acrescentou.
O legislador opositor de 39 anos passou dois meses em uma unidade de terapia intensiva em um hospital de Bogotá. Lá foi submetido a múltiplas cirurgias e acabou falecendo após sofrer uma hemorragia cerebral.
– Guerrilha –
Vídeos mostraram o momento do atentado em 7 de junho, durante um comício em um parque de um bairro popular da capital. Após os disparos, em meio à confusão e aos gritos de uma centena de pessoas que ouviam seu discurso, o candidato ensanguentado desabou.
O menor atirou três vezes, duas delas na cabeça. Os seguranças de Uribe o feriram em uma perna quando ele tentava fugir a pé por um beco próximo ao local do ataque.
O caso é investigado pelo Ministério Público como um "magnicídio", a fim de identificar os autores intelectuais.
Além do agressor, as autoridades prenderam outras cinco pessoas, incluindo Elder José Arteaga Hernández, conhecido como "El Costeño", apontado como o cérebro logístico do ataque.
Para o restante dos acusados, todos maiores de idade, o MP reformulou as acusações como homicídio qualificado.
As primeiras hipóteses dos investigadores apontam como autores intelectuais uma dissidência da extinta guerrilha das Farc conhecida como Segunda Marquetalia.
– Uribe, órfão da violência –
Miguel Uribe deixou um filho pequeno e três filhas adolescentes de sua esposa, que acolheu como suas.
Sua vida foi marcada pelo poder e pela violência do conflito armado interno na Colômbia, que segue ativo após seis décadas.
Seu avô Julio César Turbay foi presidente entre 1978 e 1982. Sua mãe, a renomada jornalista Diana Turbay, foi assassinada enquanto estava sequestrada por ordem de Pablo Escobar em 1991, em uma operação de militares que tentavam resgatá-la.
O chefe do cartel da cocaína ordenou seu sequestro em meio a uma campanha de terror para evitar a extradição de narcotraficantes colombianos aos Estados Unidos.
Uribe tinha quatro anos quando ficou órfão de mãe, junto de sua irmã mais velha, María Carolina.
Mais tarde, também se tornou político, com uma ideologia centrada na segurança, na ofensiva contra o narcotráfico e na oposição ao acordo de paz de 2016, que desarmou a guerrilha das Farc.
Após o assassinato, o pai do senador, Miguel Uribe Londoño, decidiu assumir seu lugar como pré-candidato presidencial da direita nas eleições de 2026.
Com 79 anos, Uribe Londoño disputará a campanha com pesos pesados de seu partido, como as legisladoras María Fernanda Cabal e Paloma Valencia. Seu partido escolherá um candidato único nos próximos meses.
De 2016 a 2024, pelo menos 74 candidatos a cargos eletivos foram assassinados na Colômbia, segundo o centro de pesquisa Indepaz.
Y.Leger--PP